sábado, 21 de agosto de 2010

Reforma, Teologia e Ética Social.

Reforma, Teologia e Ética Social.


Os termos usados neste estudo estão tão relacionados que é muito difícil separá-los, de acordo com o princípio protestante. A condição de movimento de renovação é essencial à reforma. O caráter renovador da reforma foi substituído pelo engessamento institucional das igrejas históricas muito semelhante a situação da igreja antes da reforma, ainda assim o desejo de renovação continua vivo nos novos modelos de igreja.

Hoje precisamos de uma renovação protestante, baseada numa teologia relevante para nosso tempo, permeada de ética verdadeiramente cristã.

Algumas características da relação entre modernidade e protestantismo causam, talvez, o rompimento da relação intrínseca entre renovação, teologia e ética.
A adoção da idéia individualista passa pela aparência de fervor protestante nos tornando consumidores ferozes de músicas, bens religiosos, negociadores de bens materiais com Deus para nossa satisfação efêmera, perpetuadores de uma cultura de “defensores da fé” com caráter belicoso, com gestos manchados pelas atitudes de indiferença e egoísmo, mais amantes das bênçãos (dinheiro, bens materiais) do que da cruz de Cristo Jesus.

A reforma se afastou definitivamente do modelo de Igreja cristã e Estado unidos no governo. Apesar dessa discussão também gerar ambigüidades, havia uma clara distinção entre governos espiritual e temporal. O ideal de bem-comum da reforma foi se perdendo, até chegarmos hoje com instrumentos de favorecimento próprio como, por exemplo, a famigerada bancada evangélica, o “levar vantagem” também permeia o pensamento cristão evangélico nacional, somos tão parecidos, quanto parte dos conluios políticos e institucionais.

A outra característica que nos afeta é o enlace com o racionalismo, a fé racionalista não supre nossa relação com Deus, com o mundo e com nossa realidade. Desde cedo, movimentos de renovação dentro do protestantismo lutaram contra o racionalismo, porém, com o tempo esses mesmos movimentos também foram se fragmentando, afetados pelos mesmos fatores contra os quais lutavam.

Hoje, no Brasil, o desdém pelo estudo disciplinado e por uma teologia com ética é patente, frases como “quanto mais intelectual, tanto mais carnal”, ou, em forma ainda mais perigosa - “quanto mais irracional, tanto mais espiritual”, ajudam a desvincular a fé da teologia, da ética e dos alicerces protestantes.

A atitude anti-teológica, aquela que identifica teologia com heresia, racionalismo e falta de fé, é muito forte. Por outro lado a atitude academicista também é uma forma radical e incapaz de reunificar a fé, que se renova, a teologia e a ética.

A teologia é uma atividade que tem por objetivo a elaboração teórica de conceitos e praticada por pessoas dirigidas pelo Espírito Santo a reflexão, alias, essa prática seria impossível sem essa direção. A teologia não pretende substituir os evangelismos, cultos e atividades da igreja, mas em gerar discernimento, no nosso caso, cristão. Ao Recuperar o valor e a presença da teologia, e a da espiritualidade, não podemos nos praticar espiritualidades emocionalistas, irrefletidas, precisamos de uma teologia que ajude a nutrir as práticas espirituais cotidianas do povo de Deus.

A teologia cristã, que compreende a realidade e que dialoga é caracterizada, primeiramente, por sua contextualidade.

Não faz sentido construir teologias fora de contexto, portanto, importar teologias não faz o menor sentido, uma vez que o princípio protestante é estar sempre em reforma e não cópias.

A crítica e a ética, a teologia cristã e a reflexão, o questionamento a política, a economia, as instituições, sexualidade, etc. fazem parte de um todo inseparável que a serviço e resgate de muitos não serve como e nem para a perpetuação do poder mas, dirige as pessoas didaticamente como um pastor, mostrando o caminho da liberdade e responsabilidade.

A Crítica, como discernimento, não com o objetivo de apontar erros, mas, com o alvo de compreender situações, ações, valores, instituições, etc. Compreender e descrever, apontando acertos e erros, ligando o presente ao passado, imaginando futuros possíveis. A criticidade da teologia nos encaminha à construção de um futuro novo e melhor.

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